
A Jornada de uma Mulher Forte
Relatos sobre o Alzheimer é baseado é fatos Reais. Não recomendado para pessoas sensíveis.
Uma Mulher Admirável
Um dia, chamei de “bem” o que, na verdade, sempre foi “mal” .
Relatos sobre o Alzheimer, é um manifesto da ingenuidade inicial que evolui para um amadurecimento forçado por esta doença. O Alzheimer afeta toda a família e seu entorno.
Ela era uma mulher forte e ativa, que enfrentou a vida com garra. Perdeu os pais cedo e, após se casar, dedicou-se inteiramente aos filhos, renunciando a sua carreira para apoiá-los.
Era cuidadosa com os afazeres domésticos e cozinhava com maestria. Amava ir à feira, participar ativamente dos grupos de oração da igreja e praticamente criou sozinha seus filhos. Fez cursos de corte e costura, cabeleireira, tricô, crochê, pintura em gesso e tecido. Organizou bazares, reuniões em família e animava festas juninas no bairro. Adorava boas leituras e conversas com as amigas.
Pequenos Prazeres em Tempos Difíceis
Apesar de um orçamento apertado, ela gostava de fazer as unhas semanalmente. Ela também comprava, ocasionalmente, seus perfumes e laques para cabelo. Além disso, reformava roupas antigas para se adaptar às mudanças do corpo. A saúde esteve controlada desde os 40 anos, devido ao diabetes e uso contínuo de insulina. Até os 60 anos, tudo parecia sob controle. Mas, por volta dessa idade, sinais de alerta começaram a surgir.
Sinais de Alerta e a Busca por Ajuda
Os primeiros sintomas foram difíceis de identificar. Ansiedade, insônia, crises de pânico e depressão começaram a se manifestar. Hoje, reconhecemos, mas, há 25 anos, não tínhamos certeza do que era e pouco se falava sobre isso.
A procura por tratamentos começou.
Medicamentos fortíssimos foram prescritos. No entanto, outros sintomas surgiram: confusão mental, alucinações, tristeza, perda de apetite, vômitos e tremores.
Preocupados, investimos pesado em tratamentos alternativos (ortomoleculares), mas os resultados não vieram.
Gradualmente, pequenos esquecimentos e comportamentos repetitivos começaram a aparecer. Tarefas simples do dia a dia eram executadas com dificuldades visíveis, lembrar-se de palavras e nomes do cotidiano, tornaram-se desafiadoras. Checar várias vezes se a porta estava trancada tornou-se comum. Questionar-se sobre o sal na comida também virou uma prática frequente. A confusão aumentou!
Itens eram guardados em lugares diferentes. Por exemplo, papel higiênico no guarda-roupa e produtos de limpeza no armário com os copos e pratos.
A Consciência da Mudança
Essa fase foi extremamente complicada e triste. Ela sabia que algo não estava certo e se questionava sobre como e até quando este quadro evoluiria. Em busca de respostas, consultamos diversos especialistas e realizamos uma série de exames. O diagnóstico, no entanto, nunca foi preciso! Alzheimer, demência , esquizofrenia!
Como mulher forte e na expectativa de melhoras, participava ativamente das consultas. Nesta ocasição, estava calada e pensativa. Esforçava-se para nos demonstrar que, apesar de tudo, a vida continuava, e que estava tudo bem! Chegando em casa, apegava-se nos afazeres. Ligava o rádio alto. Depois, em silêncio, agarrava-se fortemente ao seu terço e bíblia. Passava horas em oração.
Uma Viagem Marcante
Em uma tentativa de aliviar suas preocupações, decidi levá-la para sua primeira viagem de avião. O destino era Maceió. O momento marcante ocorreu enquanto caminhávamos à beira da praia em uma noite linda e quente. De repente, ela desmaiou de uma forma alarmante. Seu corpo enrijeceu. Como um tronco de árvore, ela caiu e bateu a cabeça. Levamos ao hospital, onde foi examinada e liberada, mas os exames posteriores não revelaram problemas.
Mudanças e Isolamento
Com o passar do tempo, os desmaios se tornaram frequentes — em casa, na rua, em qualquer lugar. Essa situação alterou radicalmente nossas vidas, gerando ligações constantes de vizinhos, conhecidos e socorristas. Com isso, ela começou a se isolar em casa, temendo prejudicar nossa rotina de trabalho e vida pessoal.
As quedas, tonturas e novos medicamentos trouxeram reações adversas. Os esquecimentos se intensificaram, e aquela mulher forte foi se tornando cada vez mais frágil, triste, insegura e isolada.
O auge dessa primeira fase ocorreu em um dia fatídico. Ela saiu de casa para uma rápida caminhada no quarteirão. Por alguns instantes, olhou ao redor e não reconheceu onde estava. Angustiada esperou por um tempo e então voltou pra casa.
Palavras simples, esquecimento do nome de pessoas não tão próximas, gás aberto, comida queimando no fogão, documentos importantes no lixo. Muitos episódios assim marcaram essa fase.
Outros virão.
Relatos sobre o Alzheimer, continua em um próximo post.
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